(Trimarã Searunner 34)
O ROTEIRO FLUVIAL DO ARAGEM. E
Conforme
reportado na atualização anterior,
o Aragem
desceu o rio Poty,
naquela tarde inesquecível de 20 de abril de 2012, logo
após o seu lançamento na Potycabana.
Não
chegaríamos à cidade mais próxima
(União) antes da noite. E eu decidira só
navegar
durante o dia. Então, atracamos no cais
do Poty Velho, ainda em Teresina, onde
embarcamos nossos pertences e os mantimentos. Aquele foi nosso
primeiro
pernoite
antes de zarparmos, na manhã seguinte, seguindo um roteiro
fluvial que era
desconhecido para mim, porém bastante familiar
para
nosso guia, o
Capivara, de quem falarei adiante. O Velho Monge (assim
chamamos o rio Parnaíba), ainda caudaloso como é
cantado
nas
rimas
do poeta piauiense Da Costa e Silva, estava bem
ali à
nossa frente, reservando-nos belezas
sem par, surpresas desconcertantes e um leito de contrastes
entre áreas assoreadas e profundos canais.
Aquela
seria uma noite
ainda, para atazanar meu sono.
SELECIONEI (ABAIXO) MAIS
ALGUMAS IMAGENS DO
LANÇAMENTO E DA NAVEGAÇÃO NO RIO POTY.
A bordo da lancha GEÓRGIA,
esperamos o Aragem
ser depositado pelos
guindastes, para receber os cabos e trazê-lo para
longe do arrimo do dique, onde o flutuador ou mesmo o casco principal
poderia
bater em uma pedra.
O comandante
acompanha,
apreensivo, a descida do Aragem.
O Aragem
navegando rio abaixo, logo
após seu lançamento.
Aqui estamos passando sob a
terceira das cinco pontes que
cruzaríamos até chegar
ao cais do Poty Velho.
Acima, a ponte
Mestre Izidório França (ou Ponte Estaiada, como
é
mais conhecida), um dos eixos de trânsito urbano
bastante movimentado de Teresina. Representa o contraste entre
a
moderna engenharia e a bucólica paisagem ribeirinha, uma
prova
de
que é possível essa convivência.
Mais uma bela imagem da
Ponte Estaiada.
Exuberância do rio
Poty em plena zona
urbana de Teresina.
Paisagem digna de uma aquarela.
Deixei para mencionar somente quando deste relato abordando o roteiro fluvial definitivo do Aragem, mas agora é momento de apresentar-lhes nosso guia, o Capivara. Difícil gravar seu verdadeiro nome, já que ele próprio, "um homem da água" como se autoproclama, prefere ser chamado pelo sugestivo apelido ganho na juventude. É fácil, porém, lembrar de um fato histórico, anedótico para muitos, que foi protagonizado pelo Capivara. Pois esse homem simples navegou a Barca do Sal, controvertido projeto do então governador Alberto Silva, visando provar a viabilidade econômica da navegação no rio Parnaiba. A barcaça, construída em Parnaiba pelo estaleiro Igaraçú, levaria sal extraído no litoral, para o sul do estado, e de lá ela traria produtos agrícolas a serem exportados através do Porto de Luis Correia. O governador foi mal compreendido. Talvez o momento então vivido pelos piauienses indicasse outras prioridades. Enfim, a história julgará. Importa que o marinheiro Capivara, um homem da água, desincumbiu-se muito bem de sua missão, que era trazer o imenso barco pelo rio, já então bastante assoreado em alguns trechos. Eu próprio fui testemunha da chegada triunfal a Teresina. O barco atracou no cais do Troca-Troca, mas não fui a bordo. Vi de certa distância. Uma fila imensa formou-se para conhecer a embarcação e seus recursos tecnológicos, que incluiam lastro variável de água bombeada através do casco, subindo ou descendo a linha d´água conforme necessário. Uma banda de música tocava e o povo aplaudia, satisfeito, embora muitos hoje torçam o nariz.
Muito obrigado ao Capivara, que foi de fundamental importância no trajeto de navegação do Aragem. Sem ele, dificilmente teríamos vencido o rio, cujas artérias conhece como poucos. De pé, à proa da lancha BEMPOSTA, um percuciente Capivara estudava os sinais na água, seu habitat, apontava a direção e lá iam, ele e a tripulação, checar uma passagem para o canal.