2004

Março

Finalmente (dia 23) chegaram os planos. Logo na manhã seguinte começaria a estudá-los.

São planos completos, com desenhos em escala, mostrando todas as montagens: anteparas (simples, reforçadas e de ligação), "asas", cabine, gabarito e rodas de proa. Tudo em tamanho natural.

Inclui também planos para confecção de mastro, retranca, ferragens, velame, armações, âncora, púlpito de proa... Até máquina de leme e leme de vento!

Minha vontade era começar a construir. Mas dominei a ansiedade, pois sabia que o trabalho ía ser demorado  (bem ao compasso do meu limitado orçamento) e solitário, em sua grande parte.

Calculei o material para a primeira fase da construção: casco principal, flutuadores e anteparas de ligação (Super-Estruturas ou Main Strength Bulkheads).

De uma tira delgada de cedro, restante da construção do Li-Si-Ri, risquei e cortei a Régua Padrão (Template) que vem no projeto.

É uma régua-gabarito, que serve para traçar todas as curvas dos três cascos. 

Na verdade, pelo fato de os planos já trazerem todas as anteparas em tamanho natural, é quase dispensável o uso da régua. No meu caso, preferi riscar com carbono sobre folhas de papelão, formando moldes das peças.

Abril

Comprei a madeira calculada para toda a estrutura do barco.

São tábuas de freijó, bem secas. Madeira já estabilizada, pois colhida e serrada há bastante tempo.

Em breve seria transportada para o local da obra, após algumas adaptações feitas no “galpãozinho” onde construí o Li-Si-Ri” e que era sua garagem – gentilmente cedida, aliás.

Obrigado, Li-Si-Ri.

Chegaram as amostras de compensado, que testei mais ou menos segundo a norma britânica (Water Boiling Proof). Elas iriam permanecer em cocção por 72 horas, a uma temperatura entre 63 e 67 graus centígrados, em uma máquina que fiz para o teste.

Maio

 Conclui o teste das amostras de compensado. Não houve delaminação ou encharcamento em nenhuma das quatro amostras.
Chegou (dia 11) o livro que eu pedira a uma livraria nos EUA.
“ SEARUNNER CONSTRUCTION”
, da dupla de projetistas e velejadores Jim Brown & John Marples.

Fui logo me debruçando sobre as belas e clássicas páginas dessa grande raridade, edição de 1971.

(O livro não traz ainda o Searunner 34, que é de 1976. Mas a técnica de construção é semelhante para todos os modelos).


Finalmente pude trazer a madeira para a estrutura do barco. Foi tudo colocado no "galpãozinho".

Algumas tábuas foram sarrafeadas e aplainadas nas medidas corretas, transformando-se em longarinas e golas de reforço.

Depois de muito procurar pregos ou parafusos, galvanizados a fogo ou de bronze, e nada encontrando que satisfizesse, decidi-me por usar parafusos inox. Comprei-os.

Afinal, seria uma tranqüilidade jamais pensar que em algum lugar do barco podesse haver parafuso se deteriorando.

Comprei também resina epoxy, para a primeira fase. Receberia tudo em cinco ou seis dias, conforme previsto pela Transportadora.

Julho/Agosto

Concluí o gabarito, iniciado em julho, e comecei a montagem do primeiro flutuador (bombordo). 

Viva! Fixei as primeiras anteparas  (1 e 2), prendendo a Roda de Proa.

Em seguida fixei as anteparas 3, 4 e 5. Fixei também o Maciço de Proa.

E a construção foi seguindo, com a montagem de todas as anteparas no gabarito. Todas elas postas no esquadro, niveladas, aprumadas e centralizadas.

Também confeccionei as longarinas para este primeiro flutuador. Contei com a valiosa ajuda de um amigo que está construindo um Multichine 28. Ele tem máquinas de serraria e marcenaria. As tábuas foram transportadas e trazidas de volta, em forma de longarinas, no reboque do Li-Si-Ri.

 Iniciei a preparação das longarinas (chanfros, colagens, escanteamento).

Setembro


 

Devido a maior disponibilidade de tempo (tirei férias no trabalho), a construção avançou bastante nos meses de julho a agosto. Assim, pouco mais de dois meses após iniciada a construção, o flutuador de bombordo estava quase pronto para ser fechado. 

Então, Iniciei a confecção dos painéis do costado e do fundo (corte, marcações internas e furos de apontamento dos parafusos nos painéis e nas longarinas).

Novembro

Bastante atrasado, terminei de fixar os quatro primeiros painéis (costado e fundo). Um auxiliar ía apoiado por dentro do casco, enquanto eu pregava os painéis nas longarinas previamente saturadas de resina epoxy encolante. 

Usei pregos comuns (ripais) atravessando pequenas tariscas de compensado, para facilitar a posterior retirada dos mesmos, após curada a colagem e parafusados os painéis. 

Com a chegada das chuvas, parei a montagem do barco e fui construir um galpão para abrigá-lo. 
                                                                             

 Dezembro

Iniciei a construção do galpão. Ao mesmo tempo fui pregando mais painéis.

Terminado o galpão, retomei normalmente os trabalhos (concluir o fechamento do casco).

Último dia do mês e do ano, novamente Viva! O flutuador de bombordo estava totalmente fechado. 

Viajei ao litoral, onde passaria o Ano Novo, que ninguém é de ferro.

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