2011

Abril/Junho

Uma das alterações no projeto original foi a inclusão de um Holding-Tank (tanque sanitário) no Banheiro de Proa, para ser usado com o barco atracado ou em fundeio.

Em resenha anterior, mostrei o início da construção do tanque. Agora, mostro-o sendo finalizado e integrado ao sistema de esgotamento sanitário do Banheiro de Proa. 


Eis o Tanque Sanitário. Com uma válvula "Y" ligando-o ao Vaso Sanitário, ele pode receber os eflutentes despejados pelo vaso e armazená-los até posterior descarga em mar aberto, através de uma bomba manual instalada sob a bancada da pia e ligada à saída do tanque por uma outra válvula "Y". Esta, por sua vez, destina um segundo ramal para esgotamento alternativo em uma marina, pelo sistema de sucção.

Um tanque sanitário produz bactérias aeróbicas (que precisam de oxigênio) e anaeróbicas (que só vivem onde não existe oxigênio). Ambas digerem matéria orgânica, mas as bactérias aeróbicas não produzem odor, enquanto as anaeróbicas causam mau cheiro. Na presença do exigênio, as bactérias aeróbicas proliferam, emulsionando e digerindo os dejetos orgânicos, evitando o mau cheiro e a formação borra no tanque.

Portanto, é preciso garantir-se constante ventilação no tanque, o que pode ser feito com uma pequena bomba de ar (um mini-compressor, por exemplo). A bomba nem precisa ficar ligada direto. Estudo a possibilidade de construir e usar uma bomba movida pelo próprio movimento das ondas.

Este é um sistema biológico. O tratamento químico não funciona bem. Além de não resolver completamente a questão do odor, não dissolvem totalmente os resíduos sólidos, causando entupimentos.

Tanque Sanitário instalado.


Bomba manual de esgotamento sanitário sob a bancada do Banheiro de Proa.


Alavanca da bomba e canopla da válvula "Y" guardadas, por enquanto, na gaveta da bancada. Depois poderão ficar em algum lugar bem à mão.


Alavanda da bomba em posição de ser acionada. Vê-se também (área inferior da foto) a bomba de pedal da pia já instalada.


Canopla da válvula "Y" em posição de acionamento.

 

Uma válvula "Y" (ao centro-direito da foto), dependendo de sua posição de abertura, poderá despejar os efluentes diretamente no mar, quando em mar aberto, ou direcioná-los ao Tanque Sanitário.

Outra alteração foi no sistema de direção. O projeto previa um sistema de roldanas que guiam os cabos do Comando de Direção até o quadrante do leme.

Acho inconveniente, porque os cabos ficam à mostra, podendo sujar ou mesmo machucar alguém, além de forçar os cabos a um raio muito pequeno, produzindo mais atrito.

Optei pelo sistema pull-pull steering, da Edson Marine, de onde também escolhi o Comando de Direção (com eixo, cremalheira e corrente). Os cabos correm dentro de um conduite metálico e flexível, facilmente estendido pelas laterais do casco através de furos feitos nas anteparas.

Fez parte da alteração colocar a Máquina de Leme, juntamente com o banco do piloto, na lateral bombordo do Cockpit, sendo eliminada a bancada daquele lado.

Porém, antes de iniciar a montagem do Sistema de Direção, instalei definitivamente o Leme. As primeiras imagens a seguir são desta etapa construtiva. 


Primeira dobradiça fixada.


Segunda dobradiça (intermediária) também aplicada.

(...)

Ao mesmo tempo, eu trabalhava na Máquina de Leme e nas demais instalações.


Painel frontal da Máquina de Leme, onde se vê o Comando de Direção montado com reforço.


Detalhe do Comando de Direção.


Peça importante na construção da Roda de Leme: um contra-flange (recortado a plasma) em que serão soldados os raios da roda e sua própria empunhadura, cujo conjunto será parafusado no flange universal disponibilizado pela Edson Marine.


Máquina de Leme concluída. A Roda de Leme ficou com o maior diâmetro possível para sua posição: 21" (vinte e uma polegadas), aproximadamente 54cm.


Detalhes do Comando de Direção.


Detalhe do Sistema de Direção, aqui no seu lado de bombordo. Note como o flange é preso ao final do conduite e ao suporte do sistema (barra inox de 7cm com 1/8" de espessura) preso ao Espelho de Popa e ao painel central do Banheiro, formando ângulo de 90°. O cabo (com 1/4") sai do conduite perpendicularmente ao quadrante do leme, onde é preso.

Mais uma alteração foi a construção dos Tanques de Combustível, feitos em compensado fibrado, para serem colocados um sobre o outro no nicho lateral sob a área do Cockpit originalmente a ser ocupado por um pequeno motor a gasolina que ficaria em posição diagonal acionando o hélice.

Descartei esse arranjo. Primeiro, por ser um motor a gasolina, combustível altamente inflamável e volátil, perigoso ao envasamento e estocagem. Depois, a posição do motor, diagonal em relação ao centro do barco, implicaria em compensação do leme durante todo o motorar.

Então, optando pelo motor diesel central, eu ganhei em robustez, potência e segurança, visto que terei, logo de saída, um longo percurso usando motor para descer o rio até o mar. E ganhei bom espaço para colocar, de início, dois tanques sobrepostos e interligados, somando 200 litros, nada impedindo a adição de um terceiro tanque para mais 100 litros.

Os tanques são laminados em fibra de vidro (duas camadas de manta mais uma de tecido) e resina epoxi, ainda quando as emendas (filetadas) estão em processo de cura.

A resina epoxi é altamente resistente ao diesel. Existem barcos cujos tanques laminados em epoxi estão em uso há vinte anos, sem problemas.

Nada de flanges. Usei somente tubos e conexões inox com seus transpasses encapsulados em uma boa extensão, garantindo extra resistência e anulando a possibilidade de infiltrações.


Colando tubo de inox com 1" (uma polegada) de diâmetro, previamente escareado no esmeril, para interligação deste ao outro tanque.


Tubo já embutido no emplasto de cola e fiapos de manta. Acho que quanto maior for a extensão encoberta do tubo, menor será a possibilidade de infiltração do combustível, além de ser maior a resistência da emenda.  


Tanque Inferior, vendo-se o início da colagem do suspiro, do coletor e do pescador, que serão emplastados na peça de encapsulamento do tubo de interligação deste tanque ao superior.

Como ficam os tubos dando para a parte frontal do tanque. Falta concluir o encapsulamento por este lado.


Este é o Tanque Superior. Veja como ficaram os tubos no interior do tanque, após o seu encapsulamento.



Aqui, a saída dos tubos no Tanque Superior.



Como ficou o Tanque Inferior por dentro, após seu encapsulamento.



 Encapsulando a entrada de combustível na tampa do Tanque Superior, usando conexões inox de 1.1/2" (uma e meia polegada) interligadas: um joelho, um niple e uma espiga.



Como ficou o encapsulamento, que, como os demais, estende-se para o interior do tanque. Falta ainda o acabamento, que será feito na tampa toda quando de sua colagem ao tanque.