Todos os anos, neste período mais quente, o rio Poty cobre-se de aguapés. Da noite para o dia, em pequenos tufos, eles proliferam-se até formarem um denso tapete verde.

É o sinal de perigo. A proliferação de aguapés indica acúmulo de resíduos orgânicos e químicos na água. Fossas, esgotos domésticos e até rejeitos hospitalares são lançados ao rio, sem nenhum pudor e com a indulgente omissão das autoridades competentes. Então, vêm os aguapés e prestam o serviço por outrem negligenciado.

Também chamado baronesa, lírio d`água, jacinto d`água, entre outros nomes, o aguapé recebe o nome científico de Eichhornia crassipes. É considerado uma planta daninha, devido à sua reprodução desenfreada. No entanto, paradoxalmente, atua como agente despoluidor, pois alimenta-se do material em decomposição na água estagnada.

Esta época do ano, com a temperatura chegando aos quarenta graus e uma lenta vazão do rio, cheio de buracos deixados pela dragagem predatória de areia, as imensas "lagoas submersas" formam o ambiente propício à proliferação dos aguapés. Se controlados, eles terminam sendo bastante úteis, na medida em que retiram da água os elementos poluentes. Porém, crescendo desordenadamente, abafarão o rio e a água desoxigenará, fazendo o rio tornar-se um pântano mal cheiroso e sem vida.

Deixando os aguapés fazerem sua parte, cabe às autoridades fazerem ao menos parte da sua própria função, buscando não eliminarem de todo os aguapés, mas sim tirarem proveito de suas peculiaridades, através de um manejo adequado.

De outro lado, não basta confiar no trabalho dos aguapés. Para que o rio não continue sendo mero reservatório natural para tratamento de fossas e esgotos, urge que outras providências sejam adotadas, além da preservação de suas margens (que já vem sendo feito, é verdade), no sentido se evitar a contaminação das águas do rio.  

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